.:: o fantástico destino de lady mi - parte 3 ::.

"Posso escolher entre ser constantemente ativa e feliz ou introspectivamente passiva e triste. Ou posso ficar louca, ricocheteando no meio" Sylvia Plath

terça-feira, setembro 08, 2009

Ontem acordei como todos os dias. Feriados não fazem mais sentido para mim. Eu não tenho mais que acordar todos os dias às cinco horas da manhã e ir bater ponto de sete às quatro. Meus dias são vazios. Minha rotina é tão previsível como final de novela das oito.
Acordei às seis. Fiz hora na cama para não ter que encontrar com meus pais. Para eles, feriado faz toda a diferença. Um fim-de-semana prolongado em que minha mãe poderia organizar sistematicamente a despensa. Não consigo tomar meu café. Nem queria tirar meu pijama.
Sento no computador para começar a digitar um texto que pensei ontem à noite. Ainda estou com gosto do vinho de ontem na minha garganta. Talvez devesse beber mais. Talvez. O texto empaca. Minha vida também. Você não aparece. Tudo bem, afinal, não é feriado para você e com certeza te encontraria no laboratório. Fazendo algo super interessante que eu, na minha infinita ignorância, não vou saber o que é. Tudo bem. Gosto de você assim mesmo. Gostaria mais se você estivesse aqui. Ou o contrário.
Pipoca uma tela me chamando para ver um filme. Não sei porque mas, já tem um tempo que não vejo diferença entre comédias e tragédias. Vou chorar de qualquer jeito. E, enquanto me ajeito com a almofada, percebo que tem muito dentro de mim querendo sair. Mas fico engasgada. Achando que é melhor assim. Assisto ao filme e penso em que momento da minha vida vou chegar no final feliz. Se essa protagonista do filme pode ter final feliz, eu também quero um pra mim. Exijo.
Volto para casa andando nesse calor insuportável. Passo pela Savassi e vejo o circo se formando no Festival de Jazz. Ai, que preguiça de pessoas... Continuo andando no sentido contrário ao das pessoas. Devo fazer isso com mais frequência do que imagino.
Pensei tanto no caminho para casa que me arrependi. A idéia era não pensar nada. Estou cansada de pensar. Por que é que tudo na minha vida tem que ser planejado? Por que não jogo tudo pro alto de novo e pego logo o primeiro avião? Por que não?!
Depois de uma hora de caminhada no sol de all-star e camiseta preta, finalmente chego em casa. Olho o prédio e penso que devia ter fumado um cigarro. Pensei tanto que até esqueci de fumar. Merda.
Almoçou? Minha mãe agora deu para vigiar meus hábitos alimentares. Balanço a cabeça mentindo que sim e vou para o meu quarto. A protagonista do livro também tem um final feliz. Quero um para mim também. Mas será que pessoas desequilibradas como eu conseguem final feliz?
Termino o texto. Você está lá. Me diz um monte de coisa bonitinha que me faz ter vontade de te abraçar e nunca mais te largar. Te encher de beijos e esquecer que existe mundo do lado de fora. Tinha me esquecido o quanto é bom gostar de alguém que gosta de você. Meu olho enche de água de novo. Você está lá, não aqui. Fico escutando o Pete Yorn e a Scarlett Johansson cantarolar. A gente conversa tanto que perde a hora. E você vai dormir de madrugada. Aqui ainda são 21:37.
Eu não consigo dormir. Fico perambulando pel quarto tentando achar algo para me ocupar. Se eu não ocupar essa cabeça logo, não vou mais conseguir dormir...
Tarde demais. Fico deitada na cama preocupada. E se você não gostar de mim? Se me achar chata depois desse tempo todo? E se você tentar me ajudar com os meus problemas existenciais e desistir de mim, assim como todos os outros?
Tenho vontade de pegar o telefone e ligar para alguém. Mas não ligo.
Fico na cama tentando dormir. Cansada demais de pensar. Aos poucos meus olhos se rendem ao efeito do rivotril. E, de 2:00 às 6:00, consigo parar de pensar.