Domingo. Meu despertador toca às cinco horas da manhã e eu não tenho certeza se eu quero me levantar pra fazer essa prova idiota de um concurso idiota com poucas vagas. Quem mandou formar num curso tão estúpido que não só não tem uma Ordem de Profissionais devidamente registrados, como também nem é necessário ter diploma para exercer a profissão. Washington Olivetto que me lembre. Filhodaputa.

Metade da sala tomou a decisão inversa da minha, ou seja, continuar debaixo das cobertas, esquecendo a ressaca. Eu não. Fui pro Estadual Central, sentei-me numa cadeirinha de colégio, daquelas de madeiras, antigas pra burro e que, lógico era muito inha: pequenininha, apertadinha, chatinha... Affe.

Uma das questões da prova era sobre IP. Puta merda!!! Sei lá que tipo de classe é um IP. Sei que o Adorno e o Horkheimer são os pais da Indústria Cultural; sei o que é agenda setting, o que é plano americano, story board e briefing, sei até fazer o esqueminha do vídeo, coisa que só aprendi porque trabalhei no departamento, mas não sei que diabos é essa porra de classe de IP.

Para variar, como aconteceu em toda a minha vida, sou a primeira da sala a acabar a prova. Ao sair, vejo os meus companheiros de sala de aula me olharem com um ar de "como assim??? mas já???" que foi confirmado pela minha mãe quando avisei que ia ao supermercado.

Adoro passear no supermercado. Nunca vou ser uma boa dona de casa porque compro excessivamente e nunca, jamais, em hipótese alguma fico fazendo comparações de preço. Foda-se se um suco é dois centavos mais barato que o outro. Vou comprar o que eu gosto e ponto. Posso escolher, não foi a dona Marina que me encarregou de empurrar o carrinho? Pois bem. Escolho o que quiser.

(Deinha, comprei o miojo caldo de feijão pra você!)

E ainda volto pra casa com uma revista de fofoca sobre o casamento de uma modelete.

Ótimo.

Domingo perfeito: vou fazer o almoço que eu quero, tomar o vinho que eu quero, ler e ouvir o que eu quero. Sozinha. Perfeito.