Outro dia estava vendo televisão e me aparece uma propaganda ridícula sobre esse dia ridículo que se aproxima e que só existe para lembrar para nós, incompetentes emocionais, que somos uma merda. A moça ficava toda feliz porque encontrava seu "sonho de consumo".

Há muito tempo atrás, num passado bem distante, eu tinha um sonho de consumo. Ele era alto, cabelos na cintura e usava óculos. Andava sempre com os dois amigos igualmente magros e altos. Eu e meu meio metro achavamos que ele era mesmo sonho de consumo. Impossível e intocável. Até que um dia, que belo dia, o mundo conspira a meu favor e o moço olha pra mim.

Mas isso tem tanto tempo...

Quando o sonho de consumo volta de novo pra minha vida, eu estou saindo com um defunto. E ele me mostra que não precisa ser assim. E eu acredito. Depois do enterro, quando já está tudo bem, decido fazer uma das poucas coisas que achei que poderia fazer. Se ele veio aqui pra me ver, vou fazer minha parte...

Mas ai, o mundo volta a ser como há dez anos atrás. E eu, que me odiava aos dezessete anos, sinto uma volntade absurda de sair correndo. Principalmente ao ouvir a palavra "promissor".

Por mais que eu saiba que você será incapaz de me magoar como eu fui magoada nos últimos cinco anos, tenho medo de ter que passar por tudo isso de novo. E por isso estou correndo. Parte de mim gostaria de ainda ser a pessoa persistente, que corre atrás do que quer e que te pergunta "e ai? vai me mandar à merda?". A outra parte já tomou muita porrada pra continuar acreditando em palavras (quase sempre vazias) ao invés de ações. Não é sua culpa. Eu sinto muito.