.:: o fantástico destino de lady mi - parte 3 ::.

"Posso escolher entre ser constantemente ativa e feliz ou introspectivamente passiva e triste. Ou posso ficar louca, ricocheteando no meio" Sylvia Plath

terça-feira, novembro 14, 2006

Como perder dez anos em um dia ou um dia de adolescente no Pop rock

A gente (eu e a Carol) já faz inúmeras experiências antropológicas: um dia de faixinha, um dia de hippie, um dia de madame, um dia na Igreja de Renovação Carismática, um dia de sonsinha, entre outras. Dessa vez passamos a borracha em nossos preconceitos e fizemos algo que, eu pelo menos, nunca imaginei que fosse fazer: ir ao Pop Rock.
Vamos deixar claro que isso só aconteceu porque a gente gosta muuuuuuuuito do New Order! E, como os caras já estão ficando velhos, não ia dar pra esperar mais 20 anos pra eles voltarem ao Brasil e, quem sabe, tocarem em algum festival legal.
Mas também não ia rolar de ir de ralé, no meio do popular. Para isso contamos com minha amiga fofa e VIP, Cris, que nos cedeu os convites para o camarote do BH Shopping.
Sexta-feira à noite, após pegarmos o convite, veio a dúvida: será que pode cortar essa blusa? É que, tanto eu quanto a Carol, nunca participamos de eventos com coisas do tipo abadá, então, ficamos sem saber quão ousadas poderíamos ser na customização da blusa. Será que pode tiorar a gola? E se um pedaço do desenho sair fora? Bom, o escrito "sábado" com certeza tem que ficar...
Vinho vai e vinho vem, três horas da manhã e tudo o que conseguimos fazer foi ler textos da Tati Bernardes e cair na gargalhada.
(Ah, e a Dona Magda, mãe da Carol, nos deu uma repreendida pelo tanto de vinho consumido)
No sábado, uma olhava pra outra com cara de “o que vamos fazer com isso”. A Carol, muito esperta, solta um “Mi, você que estuda moda que se vire” e eu, munida de tesoura, linha e alfinetes faço cara de paisagem e olhar de horizonte. Sei lá o que é que dá pra fazer com esse pedaço de pano enorme.
Eis que damos a primeira pinta de adolescente: Dona Marina, minha mãe, foi convocada para ajudar no processo de customização das camisetas (é que adolescente com tesoura na mão é um perigo). Minha mãe regulou o decote e o comprimento das blusinhas...
Tudo bem, tudo bem... a gente já estava atrasada porque uma de nós (não vou dizer quem) queria ver o show do CPM 22.
Dona Marina, como boa mãe de uma adolescente ainda regulou a quantidade de cigarro (“Pra que levar dois maço? Um maço tem 20 cigarros e isso já é muito!”), aconselhou a levar casacos mais quentinhos (“porque está muito frio”) e ainda disse que a gente não ia se dar bem porque não tinha passado nem um batonzinho...
Não bastando a ajuda, pré-show, meus pais nos levaram ao Mineirão. Eu não queria ir de carro. Então tive que apelar para a carona. Muito tempo que não me sentia tão quinze anos. Ainda mais depois de ouvir “juízo, hein?!” ao fechar a porta.
Isso, chegamos ao portão!!! Beleza beleza!!! Quinze minutos perdidas... beleza beleza...
Pronto, chegamos, a Pitty ainda estava tocando (lindo vestido, aliás).
A pista cheia cheia. Choveu a tarde inteira. Ainda bem que o camarote é coberto e estamos safas de ficar molhadas.
Lá descobrimos, inclusive, que não há limites para a ousadia na customização dos abadas!! Sério, tinham mocinhas que mandaram para costureiras refazerem a blusa com lantejoulas, paetês, modelos inusitados (tinha até tomara que caia). Fiquei por fora do mundo da moda dos festivais de camisetas.
Teve gente que passou mal com o Badauí. Teve gente que quase teve um ataque cardíaco quando o Japinha tirou a blusa. Teve gente que cantou todas as músicas do CPM 22. Teve gente que fingiu de groupie de uma banda chamada Reação em Cadeia e, apesar do baixista não ter dado muita bola, ganhou um autógrafo e um beijinho do vocalista. Teve gente que chorou. Teve gente que tirou fotinho pro Guia BH. Teve gente que tomou sorvete. Teve gente que se apaixonou pelo vocalista do Manitu. Teve gente que cantou música do Rappa (os nomes vão ser omitidos porque a gente quer continuar amiga).
Algumas cervejas depois...
Alguns banheiros sanitários depois...
Algumas sentadas no chão depois...
Alguns low life depois...
Sim, a hora que esperamos e a razão de nossa experiência antropológica: o New Order entra no palco. E a gente vai pra pista ficar com os populares. E pular e cantar “Regret”, “Perfect Kiss”, “Blue Monday”, "Transmission". Tudo lindo lindo lindo!!!!
E, para finalizar e colocar duas meninas aos prantos, o moço ainda toca “Love will tear us apart”.
Não tinha como ser mais perfeito!
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obs: para terminar a experiência antropológica de maneira bem adolescente, voltamos no ônibus fretado pelo BH Shopping, Carol foi dormir na minha casa (eu cedi carinhosamente a minha cama), comemos pizza no quarto, fizemos bagunça e ainda ficamos discutindo os pretês durante a madrugada.
Voltei a ter 16 anos!!!
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fica a foto de registro...